14.7.10

Você tem fome de quê?

Nada sobrevive sem se hidratar e sem se nutrir. Do tigre ao cactus, tudo que vive precisa de água e alimento para continuar a viver. Cada ser vivo com suas especificidades, mas com algo em comum: todos nós precisamos ingerir, digerir, metabolizar, converter algo em energia para seguir adiante até o próximo reabastecer.Além da fome do corpo, temos também outras fomes.

Nossa alma tem necessidades que precisam ser nutridas. Quando não respeitamos nosso ritmo biológico nosso corpo dá alertas. E o mesmo ocorre com nossos ritmos mais profundos: muitas vezes passam a gritar para terem alguma atenção. Se não escutamos, a fome permanece e acaba surgindo das maneiras mais tortas possíveis. São as nossas compulsões, o mal-estar, o choro sem razão, misteriosos estouros na pele, as alterações de humor e por aí­ vai. Aquilo a que chamamos desequilí­brio, dor, doença, pode muitas vezes ser um pedido de ajuda interno para que voltemos ao equilíbrio saudável.

Que tipo de fome você quer saciar?

Talvez tenhamos ingerido situações, palavras, sentimentos um tanto indigestos e precisemos metabolizar, ver o que nos cabe e jogar o restante para fora. Talvez haja uma perigosa abstinência de tudo que faz o coração bater mais vivo: amizade, carinho, compartilhar, compreensão, relação. É preciso ouvir para onde cada manifestação aponta: que tipo de fome/sede preciso saciar? Não basta um só copo d´água hoje para matar a sede de amanhã e um único pão também não é o suficiente para nos dar energia para toda a vida. Se teimamos em não nos fazermos essa pergunta fundamental acabamos sem energia, procurando nos saciar naquilo que não nos preenche. Estressados, adoecidos, mantemos escondida a nossa força.Na vida, não só deixamos de alimentar a alma, como muitas vezes procuramos o alimento no lugar errado.

Nunca se falou tanto em obesidade, magreza e distúbios alimentares como em nossos tempos. A obesidade que antes era vista como a comprovação de saúde e de um status daquele que era próspero, hoje évista com maus olhos, por diversos motivos. A magreza é exaltada e ganha seguidores que fazem de tudo, até apagarem o viço da alma, para seguirem o que é ditado como extremamente desejável. Junto a esse quadro, surgem diversos outros de distúrbios alimentares, demonstrando o descompensar de nossas fomes na atualidade: ou come-se tudo, ou come-se nada. Prazer e culpa ligados ao extremo.

Comida como punição ou recompensa

Estamos cindidos de nosso corpo, não reconhecemos nem seu poder nem suas necessidades, não acessamos as verdadeiras fomes que gritam em nossa alma. Lemos a necessidade de doçura na vida como necessidade de açúcar. Necessidade de amor contida acaba se confundindo com a necessidade de comida. Lemos a necessidade de sermos aceitos como ânsia de atender a padrões externos de beleza. A comida passa a ser usada como punição, negação, fuga, recompensa...

Muitas pessoas para se sentirem no controle sobre seus sentimentos (aqueles que não entendem ou que lhe deixam confusas) acabam por deslocar o descontrole para outro campo,desembocando numa relação de dor com a comida. Sendo a comida um símbolo de vida, todas essas manifestações acabam por negar a vida em sua plenitude.Se você se identifica com algo nessas palavras, é hora de retomar o verdadeiro controle sobre sua vida. Ir de encontro àquilo que possa realmente lhe fazer bem, ouvir suas fomes e atendê-las de maneira integrada e amorosa.

Procure por ajuda profissional, com o auxí­lio da psicoterapia você pode traçar o caminho da redescoberta de si. Entre em contato com seu corpo, aprenda a ouvi-lo. Entre em contato com sua alma, aprenda a ouvi-la também.

Não há resposta pronta que ninguém possa lhe dar. Então faça seu caminho:comece a refletir sobre a própria experiência, busque ajuda para descobrir as respostas que estão dentro de você. Busque meios que facilitem a mudança dos padrões que fazem mal, para deixar que a vida que existe em você possa fluir ese renovar. Não deixe para depois! Alimente o que lhe faz bem, agora mesmo!

Publicado em:
http://www.personare.com.br/revista/saude-e-beleza/materia/680/voce-tem-fome-de-que

12.4.10

Um, dois, três... Alto astral já!



Sabe aqueles dias em que precisamos de uma dose extra de energia? Tem gente que defende que todo mundo deveria ter à mão um manual de instruções para saber o que fazer quando a bateria acaba. Mas no fundo existe mesmo um manual, só que ele não está escrito, não pode ser tocado, nem lido literalmente. Lá num cantinho escondido da alma (escondido por nós mesmos) estão todas as diretrizes do que precisamos. É necessário se aquietar um pouco para escutar.

Pode ser que a sua bateria recarregue ouvindo uma música que você goste. E o tipo de música pode variar conforme o momento. Talvez a hora seja de relaxamento e você precise de uma música suave e instrumental. Para essas ocasiões adoro ouvir Marcus Viana, especialmente seu trabalho chamado Música das Esferas: cada CD apresenta músicas inspiradas na natureza e seus elementos terra, água, ar, fogo. Porém, o que escolher se o momento pede animação e entusiasmo? Aí a trilha pode mudar completamente. Há quem prefira ouvir sons mais dançantes ou cantarolar canções que lhe tragam boas recordações. Particularmente, Beyoncé após o almoço tem a capacidade de salvar uma tarde que poderia ser monótona! Talvez a sua bateria recarregue buscando outros estilos musicais, outros intérpretes, abrindo-se às novidades.

Sabe um filme que levanta meu astral? O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Um filme francês cheio de cores, que mostra pequenos detalhes do cotidiano, mostra o passo-a-passo de uma protagonista, que vivia isolada, partindo para a abertura às relações. E o seu filme favorito? Que tipo de filme deixa você para cima? Quem sabe viajar junto com Che Guevara no aventureiro Diários de Motocicleta? Ou mesmo curtir um desenho animado? É programa para gente grande sim! Dá para fazer uma lista extensa de desenhos super gostosos de assistir, que acordam nosso lado criança para perceber a beleza das pequenas coisas! Para citar um, vou com o recente Up: Altas Aventuras, da Disney- Pixar, uma história recheada de reflexões sobre amor e amizade, além de ser um convite a viver o momento presente. De quebra, dá para fazer um programa super divertido, levando às crianças ao cinema ou fazendo uma sessão pipoca em casa mesmo!

Visitar lugares cheios de luz, verde, aromas agradáveis também pode trazer ânimo extra. Precisamos de luz do sol, carecemos de refúgios secretos que nos façam entrar em contato com uma outra vibração mental... Menos correria, mais respiração.... Tem alguma praça ou um parque aí por perto? Já visitou? Lembre-se que você pode fazer outras viagens - ler é uma excelente maneira! Quem sabe lhe faça bem retomar aquela leitura que ficou pela metade? Ou ir em busca daquele livro, sobre o qual ouviu falar faz tempo, mas sempre deixou para depois?

Mais ideias: o que acha de chamar as pessoas queridas para tomar um sorvete, bater um papo, trocar ideias, ficar junto? Que tal organizar um jogo de mímicas? Costuma render boas risadas!
Já colocou seu corpo pra se mexer hoje? Alongar, caminhar, dançar... O que seu corpo tem pedido? Sair da inércia nos ajuda a ter mais ânimo para qualquer coisa. Mas lembre-se sempre de respeitar seus limites. Talvez seja hora de parar de movimentar um pouco, deixar o corpo descansar para voltar mais energizado depois para as atividades cotidianas. Um pouco de sombra e água fresca também recarrega as baterias, não é mesmo?

Como anda seu astral? O que tem feito para melhorá-lo? Nem sempre damos ouvidos à necessidade de reabastecer nossa energia ou não imaginamos de pronto o que poderia ser feito. E se tivéssemos por perto um lembrete, um guia? Se a gente começasse a acessar aquele manual interno? Pare um pouco e faça um lembrete do que é importante para você. Podemos chamar este lembrete de "lista do bem". Com caneta e papel em mãos, comece agora a fazer uma lista de tudo que lhe desperta o ânimo, as coisas que levantam o astral. Algumas dicas foram dadas, como pontapé inicial para a reflexão que agora precisa ser sua. Só você pode dizer do que gosta, o que lhe faz sorrir, o que lhe ajuda a se animar. Não deixe para depois! Alto astral já! Você merece.

Texto de Juliana Garcia


Publicado em:
Especial "Viver com Sabor", parceria Kibon e Personare

http://www.personare.com.br/revista/viver-com-sabor/materia/380/um-dois-tres...-alto-astral-ja

9.1.10

Que tal um pouco mais de ousadia?

Compartilhamos com vocês um texto de Juliana Garcia, coordenadora do Espaço Revitalizar. Atualmente ela escreve para veículos na internet voltados para bem-estar e autoconhecimento, incluindo o especial Viver com Sabor, parceria entre o portal Personare e a Kibon. O texto abaixo faz parte deste especial, bem como outros de autoria de Juliana Garcia que podem ser encontrados através destes links:

O valor terapêutico da amizade: http://www.personare.com.br/revista/viver-com-sabor/materia/308/o-valor-terapeutico-da-amizade

Tradições familiares em alta: http://www.personare.com.br/revista/viver-com-sabor/materia/318/tradicoes-familiares-em-alta

O momento certo pode ser agora: http://www.personare.com.br/revista/viver-com-sabor/materia/196/o-momento-certo-pode-ser-agora
Que tal um pouco mais de ousadia? : http://www.personare.com.br/revista/viver-com-sabor/materia/352/que-tal-um-pouco-mais-de-ousadia

Para conferir todo o Especial Viver com Sabor, acesse: http://kibonsnack.kibon.com.br/

Os textos também podem ser lidos no blog pessoal: http://julianaggarcia.blogpsot.com


Que tal um pouco mais de ousadia?
Pequenas mudanças no cotidiano que podem fazer grandes diferenças.

(por Juliana Garcia)

No dia a dia, criamos rotinas para facilitar a vida. Colocamos (ou ao menos tentamos) as chaves no mesmo lugar para acharmos mais facilmente na hora de sairmos de casa, automaticamente olhamos para o braço onde fica o relógio mesmo que não estejamos com ele, criamos um roteiro do caminho que faremos para ir de casa para o trabalho e do trabalho para casa... Todos os dias fazemos muitas coisas sempre iguais. Sem criarmos tais padrões, teríamos muito mais trabalho, é verdade. Certos atos são assim mesmo: automáticos. E precisam ser. Não há necessidade de grandes reflexões para se colocar a pasta de dente na escova, para ensaboar o corpo para frente e para trás, para ligar os cadarços do sapato em um laço. Foi preciso aprender cada pequeno gesto até chegarmos a essa performance atual que nos facilita a vida.

Porém... Certos atos do cotidiano não precisam ser automáticos. Por que insistimos em partir o cabelo sempre do mesmo lado, falar o bom dia no mesmo tom, chegar e ligar a TV antes de conversar um pouco? Por que sempre pensar do mesmo jeito se existe tantas e inúmeras possibilidades? Sim, são muitas e incontáveis possibilidades. Nós escolhemos a qual queremos nos sintonizar. Criamos a rotina, depois somos engolidos por ela. Mas pode ser diferente.

Que tal, hoje, experimentar fazer diferente? Tirar do armário aquela blusa que achou que a cor lhe caía bem, mas teve vergonha de experimentar. Provar um novo penteado, um novo corte de cabelo, uma nova cor. Ousar conhecer outro lugar para o happy hour, fazer outro tipo de programa. Se sempre sai para barzinhos para conversar, que tal experimentar sair para dançar? Ou vice-versa. Ou se nem sabe mais o significado de sair com os amigos, arrisque redescobrir o prazer de estar perto das pessoas especiais de sua vida. Experimentar dormir um pouco mais tarde ou um pouco mais cedo. Ver um novo tipo de filme, ler um outro tipo de livro. Que tal folhear uma revista diferente? Quem sabe provocar reações diversas fazendo o trivial de outra maneira. Quem sabe hoje tomar o mesmo banho à noite, mas com as luzes totalmente apagadas. Será que dá para fazer outro caminho além do habitual? Experimente. Pode ser que se surpreenda com uma outra praça, encontre um novo mercado, uma floricultura, um outro ângulo, um outro astral. Sabe aquela viagem tão sonhada? Talvez seja a hora de tirar os planos da gaveta e colocar na ação. Sabe aquele
hobbie antigo? Talvez ainda haja espaço para ele em sua vida, só precisa reorganizar as prioridades. Sabe aquelas pessoas que estão sempre do seu lado e que você acha que já sabem tudo que precisam saber? Já disse com todas as letras o que sente por elas? Talvez seja hoje o dia para deixar claro o amor que sente. E se, hoje, você experimentasse um outro jeito de interagir? Quem sabe perceberia um outro modo das pessoas também interagirem com você? Se você é sempre o falante, pode experimentar ouvir mais. Se é sempre o ouvinte, pode experimentar falar mais. Aquelas ideias de sempre, que tal colocá-las um pouco entre parênteses, e abrir outros canais de compreensão?

Pode parecer simples demais para despertar algo maior. Mas acredite, fazendo sempre as mesmas coisas, obtemos sempre os mesmos resultados. Um pequeno ato criativo nos dá energia para outros atos ainda mais criativos, num ciclo virtuoso. Um simples banho com as luzes apagadas promove tantas mudanças de padrões internos: nosso olfato se amplia, o tato fica mais sensível, a audição aguçada, nossa consciência corporal acorda. E se além de apagarmos as luzes acrescentarmos outros estímulos, o que pode acontecer? Se ao invés do mesmo sabonete, usarmos outro mais cheiroso? E se acrescentarmos um óleo de banho, como a pele reagirá a essa diferente textura? Além disso, se colocarmos um som agradável, que nos desperte boas sensações? Assim um ato simples pode trazer sensações que andavam adormecidas ou que nem conhecíamos ainda.

Uma dose extra de ânimo pode nos visitar quando nos abrimos para a vitalidade das coisas novas, das maneiras infinitas de agir, pensar e sentir. Se um dia aprendemos os padrões que nos governam agora, podemos escolher outras formas e sermos agentes na própria vida. Experimente algo diferente e preste atenção aos resultados! Permita-se a supresa.

22.7.09

O momento certo pode ser agora



Quantas vezes atropelamos e desconsideramos o sinal de que seria preciso dar uma pausa? Quantas vezes nos esquivamos de vivências importantes por querermos esperar o tempo em que estaremos "prontos"? Em cada um desses extremos, perdemos de vista o que realmente importa.

De um lado, o corre-corre: o relógio como um oponente cruel com quem acreditamos travar uma luta. Luta-se contra as linhas no rosto, luta-se contra os sinais de fadiga, luta-se contra os limites.
O mundo acelerado gera publicidade e nela se vende a ideia de que aquele que não acompanhar o ritmo imposto ficará pra trás. Mas qual será o fim dessa viagem? Dá tempo de pensar se quero isso para mim? São tantas horas preenchidas na agenda que, quando temos uma folga, precisamos logo pensar com o que iremos preencher! Não há tempo para estar consigo mesmo, para viver os ciclos naturais, e não apenas seguir adotando o que se vende como o ideal.

Outra postura comum nessa relação com o tempo é a que o usa como fuga. Em algumas situações, nos pegamos escondidos por trás de justificativas cabíveis racionalmente, mas que servem, no fundo, à vontade de tudo controlar, ao orgulho que não admite erros, ao medo de não ser perfeito o suficiente. Esperar "estar pronto", em muitos momentos, é uma maneira secreta de esconder o que ainda não sabemos com uma máscara do tipo: "oh, sim, sei dar tempo ao tempo", quando se poderia dizer na realidade: "não vou me expor, enquanto não tiver plena certeza". E essa certeza, quando chegará? Enquanto não chega, vamos vivendo pedaços.

Quaisquer desses caminhos nos retiram do agora. Esse misterioso tempo que nos escapa cada vez que tentamos controlá-lo é o único tempo no qual é possível criar, agir, viver. Correr loucamente atrás do amanhã nos torna seres mais cansados, envelhecidos (e não maduros), indispostos, estressados. Fugir loucamente do hoje nos torna alienados e nos deixa com a sensação de que nada podemos.

Nos desafios vividos no presente é que descobrimos que esse é o único caminho que podemos trilhar. É imprescindível um horizonte que se deseje alcançar, mas é preciso também pisar no chão que está imediatamente debaixo dos pés para que se possa chegar a algum lugar.
Escolher o caminho da alma não equivale a seguir um caminho de facilidades mas, sim, construção e renovação constantes. É sempre se ver a caminho, é sempre notar que há algo mais, algo de misterioso e de essencial a se descobrir.

Respeitar o tempo nos proporciona presença e inteireza. Essa diretriz nos permite respeitar as pausas pedidas pelo corpo, pela alma, pelo que nos cerca. Da mesma forma, nos aproxima dos desafios nos quais nem sempre teremos o controle em nas mãos, abrindo espaço para o novo.
Em nosso íntimo há fome e sede de beleza, de amor, de conhecimento. Há muitas fomes, algumas guardadas, outras sufocadas. Mas basta lançarmos atenção para o que está aqui dentro e tudo isso desperta! Em alguns momentos podemos até ficar um pouco zonzos e ansiosos. É porque nos damos conta de que estivemos famintos por um longo tempo.

Precisamos vivenciar o passo-a-passo, os ciclos, encontrando o equilíbrio entre caminhar contra o tempo ou usá-lo como escudo deixando tudo sempre para depois. Em cada um desses extremos acabamos deixando de viver de maneira absoluta o hoje e suas possibilidades de crescimento.

Como você viveu suas últimas horas? Como pretende viver as próximas? Refletir sobre nossos ritmos é um importante passo para escolhermos que tipo de vida queremos levar de agora em diante.

(Juliana Garcia)


26.4.09

Mulheres que cuidam de mulheres

...

São crescentes os movimentos de cuidado de mulheres em relação a outras mulheres. Em associações, em organizações governamentais e não governamentais, em grupos terapêuticos, em propostas holísticas, em movimentos políticos notamos cada vez mais a união de mulheres em prol das mulheres. Não se trata de algo novo em essência, mas talvez tenha ganhado um pouco mais de visibilidade. Quem nunca ouviu histórias de avós que se uniam com suas comadres na criação dos filhos, para bordar, trocar receitas e mais que isso para compartilhar toda uma vida, formando uma verdadeira rede muitas vezes silenciosa ou silenciada por uma sociedade que sufocava e anulava a sua expressão... Os risos, as lágrimas, os sonhos por muito tempo ficaram reservados à beira do fogão à lenha, ou às margens do rio onde se lavavam a roupa e a alma. Hoje talvez se perceba com mais clareza a importância desses espaços de troca, de abertura, de compartilhar e as mulheres tenham buscado mais conscientemente por algo assim.


Vemos mulheres que tomam a iniciativa de proporcionar algo a mais, mulheres que criam oportunidades e convidam outras a dividirem com elas esse pão de vida. Sem um espaço onde possamos ser aceitas - em nosso silêncio ou em nosso falar - nos sentimos sufocadas, aflitas, tristes e sem viço. Parece que algumas mulheres percebem isso no mais fundo da sensibilidade de sua alma e não sossegam enquanto não encontram um meio de expressão para ela e para as outras.


Ali, no caos que se instala nesse sufocamento, nessa sensação de vazio ou até de transbordamento muitas mulheres encontram as chaves, os instrumentos, os ingredientes para verdadeiras transformações alquímicas, para recomeços, para novos caminhos. No caos de situações que poderiam dilacerar, algumas mulheres descobrem força há muito guardada. E essa força chega para fazê-la respirar fundo o suficiente para encher seu corpo de energia e poder então seguir. Mulheres que retornam das cinzas, por vezes meio chamuscadas, mas que percebem em suas marcas sinais de que caminhos outros ela pode seguir, de que cuidados precisa tomar e para além de si percebem algo mais: existem outras tantas que também sofrem com as batalhas de todos os dias, existem outras tantas que nem força têm encontrado para lutar. Desperta assim mais que a energia para seguir sua trilha solitária, mas também a noção de que é preciso se unir a outras mulheres, de que é preciso que cuidemos umas das outras.


Quanto dessa energia já habita dentro de mim, de você e andamos buscando aí fora? Quantas dessas mulheres estão aqui nas colunas do Absoluta e Yinsights? Quantas dessas mulheres estão lendo agora esse texto? E quantas dessas mulheres não escrevem, não leêm, mas têm a suprema sabedoria em seus corações e encontram-se por aí nos mais distantes vales?


Muitas vezes é só no saculejo do caos que silenciamos um pouco a mente, que nos vemos sem respostas prontas e o novo pode emergir. É no novo que tanto assusta que podemos encontrar as mudanças que almejamos, mas que fazendo sempre as mesmas coisas não conseguimos alcançar.

Que saibamos deixar espaço para que essa força escondida dentro de nós resplandeça. Que permitamos que a mulher oculta dentro de nós possa vir à luz e cuidar de nossas feridas, uma mulher cuidando da outra como primeiro passo dessa ciranda.

(Escrito por Juliana Garcia)

Venha participar do Grupo de Mulheres no Espaço Revitalizar!